Garantir um ambiente saudável para que a criança se desenvolva plenamente é um dos papéis da família. Isso envolve assegurar o sono, a higiene, uma boa alimentação e a frequência escolar. É preciso, também, oferecer um ambiente seguro que permita e estimule a brincadeira.
“As crianças estão brincando o tempo todo, porque é uma linguagem da infância. Os pais devem garantir um ambiente propício para que a criança brinque, além de valorizar as brincadeiras. Se tiverem oportunidades e condições de brincar juntos, serão muito bem vindos”, diz Raquel Franzim, diretora de Educação e Culturas Infantis do Instituto Alana. Brincar com os filhos, defende Raquel, reforça os laços afetivos.
Existem muitas brincadeiras para fazer em família. Contudo, é importante que as crianças tenham experiências múltiplas. Atualmente, tem feito falta aos pequenos as brincadeiras que envolvem o corpo todo, ao ar livre. “A gente tem evidências de que, infelizmente, mesmo antes da pandemia da Covid-19, as crianças já viviam uma pandemia de baixa atividade física. Com as mudanças das cidades, as crianças perderam seus espaços de brincar nas ruas”, explica Raquel.
Vale um esforço extra para levar as crianças para parques, praças e praias, mesmo no inverno, assim como cobrar do poder público a construção de espaços adequados. “Brincar ao livre é importante para a saúde e para o desenvolvimento integral. Nas brincadeiras em casa, o corpo fica mais restrito. E você tem mais riscos de acidentes, como quedas de lajes, acidentes com fogo e objetos cortantes”, cita a diretora. Ela ainda recomenda o filme “Brincar Livre: de dentro para fora”, uma realização do Território do Brincar em parceria com o Instituto Alana, que fala da transição do brincar de dentro de casa – constatado no período mais restritivo da pandemia de Covid-19 – para fora desse ambiente.
“Brincar ao livre é importante para a saúde e para o desenvolvimento integral”
Nada, porém, deve ser um impeditivo para o brincar. E essa atividade deve ser incentivada desde os primeiros dias de vida. “Claro que são diferentes as brincadeiras para as diferentes idades. Para um bebê, quando você faz uma careta, dá uma risada, já é uma forma de brincar. Não é necessariamente uma ação que precisa de um brinquedo, de regras”, comenta Marina Fragata, diretora da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
Com os bebês, além das caretas na frente do espelho, vale investir nas atividades sensoriais, como brincar de amassar papéis de diferentes texturas, inclusive o celofane. “Os momentos de brincar devem permear a rotina da criança. No banho, na história antes de dormir, no momento de alimentar quando se canta uma musiquinha com o talher. O adulto deve também procurar entender o desejo das crianças, responder aos interesses delas”, afirma Marina.
“Os momentos de brincar devem permear a rotina da criança”
Em casa ou na rua, com várias crianças ou apenas poucos integrantes, sempre é possível brincar. Para inspirar momentos de diversão, o Porvir fez uma lista de dez brincadeiras para fazer em família. Confira:
- Pular amarelinha
Basta um pedacinho de chão, um giz e uma pedrinha para começar a brincadeira. A pedra tem que ser jogada no quadro de cada número, em ordem crescente. Onde ela estiver, o participante não deve pôr o pé. As amarelinhas podem ser desenhadas em formatos diferentes, como um caracol.
- Montar uma cabana
Dentro de casa, uma cabana pode surgir de lençóis, toalhas ou cobertores amarrados em cadeiras. Em um parque, é possível montar uma cabaninha com galhos e folhas caídas, usando uma árvore como apoio. Também vale decorar o lado de dentro. Além da diversão para fazer a cabana, a construção vira um espaço para o mundo do faz-de-conta.
- Passa anel
Essa brincadeira é possível quando se está em grupo de quatro ou mais jogadores. Se não tiver um anel por perto, uma bolinha de papel já serve. Com anel entre as palmas da mão, o passador une as duas mãos e as passa entre as mãos dos demais participantes. Depois escolhe um deles para tentar adivinhar com quem ficou o anel.
- Morto-Vivo
Um chefe na brincadeira passa a falar aleatoriamente “morto” ou “vivo”. Ao ouvir a palavra “morto”, todos os demais têm de se agachar. Se for “vivo”, devem ficar de pé. Quem for errando sai da brincadeira, até sobrar um vencedor. As palavras “morto” e “vivo” podem ser substituídas por “sol” e “chuva”.
- Caça ao tesouro
Pode ser jogada dentro de casa ou em um jardim. Um adulto escreve uma série de pistas em papel, que devem ser seguidas uma a uma até encontrar o “tesouro” ao final, que pode ser algo bem simples, como um chocolate. Você pode escrever frases como “eu sou sempre muito frio” para indicar a geladeira, ou “gosto de ir para a escola”, para indicar a mochila.
- Estátua
Coloque uma música animada para todos dançarem. De repente, desligue o som. Os dançarinos devem ficar parados, como uma estátua, na posição em que estavam. A pessoa que desligou o som pode, então, fazer gracinhas e caretas na frente das estátuas, para ver se elas conseguem se manter paradas. Só não vale tocar nas estátuas.
- Batata quente
Pode-se usar uma bola pequena, um bichinho de pelúcia ou até uma batata de verdade. As pessoas devem se posicionar em roda, sem se tocar. De olhos fechados, alguém fala “batata quente, quente, quente, quente!” por um tempo indeterminado, enquanto os outros jogadores vão passando a batata de um para o outro. Até que a pessoa de olhos fechados diz: “queimou!”. Quem estiver com a batata na mão sai do jogo. Outra forma de jogar é com o apoio de um cronômetro.
- Mímica
Vale para várias idades, com muita ou pouca gente. Com crianças que ainda não leem, a palavra para fazer a mímica pode ser sussurrada ao ouvido. Prefira objetos e animais bem conhecidos, como “avião”, “elefante”, “sapato”, “galinha”, “bola”. Os mais velhos podem sortear papéis com frases ou palavras mais difíceis, como “fofoca”, “Batman”, “xadrez”, “professor”, “tempo”.
- Boliche
Separe dez garrafas pet com um pouco de água dentro e as disponha no chão como os pinos de boliche (um formato triangular). Com uma bolinha pequena, como uma de tênis, tente derrubar as garrafas. Outra brincadeira parecida é derrubar latinhas empilhadas.
- Leitura em família
A princípio ler um livro pode até não parecer uma brincadeira, mas as crianças adoram histórias. Crie vozes diferentes, ou faça cada um de sua família interpretar um personagem. Vocês também podem brincar de inventar finais diferentes para a história.
Autora: Luciana Alvarez
*Conteúdo produzido e editado pelo Porvir.