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Tecnologia para a educação inclusiva continuar: alunos e seus ritmos, professores e seus kits

A defesa de uma educação de qualidade não pode deixar de considerar a busca por diversidade na escola. Como um direito previsto em lei, a inclusão atua como multiplicadora de outros direitos, como acesso, permanência, cuidados complementares e suplementares, respeito, dentre outros. Não é apenas a coisa certa a fazer, mas ela é importante para impulsionar um melhor desempenho da escola e do aluno e ainda fomentar as famosas “habilidades do século 21”. A educação inclusiva traz benefícios sociais e acadêmicos a todos os alunos, típicos e não-típicos.  

Mesmo assim, muitas pessoas ainda não conseguem enxergar com clareza como as tecnologias podem ser úteis para a construção de uma escola e de uma aula inclusivas. Muitos professores e instituições educacionais, acostumados aos processos mais tradicionais de ensino (que ao meu ver deram certo por muito tempo) abrem mão de buscar reforços nestes aparatos mais modernos para seus processos didáticos.  

A escola tem certa resistência em abrir mão do que já está sistematizado. No entanto, a educação inclusiva não pode ser neutra. Ela precisa ser intencional para dar equilíbrio às assimetrias e dirimir as discriminações. Para isso, a escola deve, sim, lançar mão de recursos para realizar seu trabalho de mudar e moldar a sociedade com sujeitos cidadãos e bem preparados. E estes recursos podem ser metodológicos, estratégicos e, por que não, tecnológicos?!

“A escola deve, sim, lançar mão de recursos para realizar seu trabalho de mudar e moldar a sociedade com sujeitos cidadãos e bem preparados. E estes recursos podem ser metodológicos, estratégicos e, por que não, tecnológicos?” 

Há quem levante a ideia de que a educação inclusiva e especial não combina com o ensino remoto, ou com ensino para e com as tecnologias, por ter um caráter mais personalizado, individualizado e adaptável. Eu costumo responder a esses questionamentos dizendo que os verbos associados às atividades escolares da educação especial são socializar, conviver, interagir, manusear, adaptar, entre outros. Agora perceba que os verbos ligados ao ensino com e para tecnologias são os mesmos. Logo, percebo que é sim uma questão de entender o processo e criar possibilidades para a inclusão acontecer, respeitando ritmos, interesses e necessidades diferentes, utilizando ferramentas e técnicas que podem ajudar.  

Diversidade e personalização 

Com a inclusão, surge a diversidade na sala de aula, que se coloca como um desafio único para os professores de fornecer experiências educacionais transformadoras a todos, cada um com sua especificidade. É fundamental que os educadores entendam como as tecnologias para o ensino, como plataformas de gestão de aprendizagem, realidade virtual e aumentada, softwares variados e outros aplicativos, podem ser usados ​​para melhorar os resultados e facilitar o desenvolvimento de habilidades essenciais para o aprendizado.  

Eu costumo dizer que a tecnologia amplia o espectro de aprendizagem. Um texto escrito tem um potencial de ensino e de aprendizagem. Este mesmo conteúdo fica ainda melhor quando recebe outras camadas, como imagens, áudio, comentários em vídeo e atividades práticas e imersivas. A tecnologia inclui novas e múltiplas formas de aprender. 

Com esses recursos, é possível ampliar as propostas educativas, incluindo ações como escrever em um documento compartilhado, entrar em um chat ou em um fórum, fazer uma chamada de vídeo ou até mesmo se expressar nas redes sociais. Produzir conteúdo também se torna algo rotineiro, seja para escrever e digitar com dedos e com fala ou se comunicar com aplicativos de comunicação alternativa e ampliada. Tudo está a um clique de distância. A expressão artística hoje pode ser feita com mãos, dedos, olhos e outras partes do corpo, basta usar recursos simples e online.

“Gerir uma sala de aula com diversidade também se torna mais fácil com o uso de ferramentas digitais” 

Gerir uma sala de aula com diversidade também se torna mais fácil com o uso de ferramentas digitais. Recursos de tecnologia assistiva e acessível estão à disposição, por variados preços e até gratuitamente, para compor o kit de cada professora e professor inclusivos.  

Além de apoiar o desenvolvimento de habilidades, essas tecnologias podem compensar algumas demandas cognitivas experimentadas pelos alunos com deficiência, síndromes, transtornos, altas habilidades e superdotação. Recursos como verificação ortográfica e previsão de palavras me ajudam a escrever este texto e auxiliam alunos na leitura e na escrita. Navegação com telas sensíveis ao toque também ajudam alunos com dificuldades visomotoras, permitindo que os esses se envolvam melhor com o conteúdo. 

Apesar de todos os benefícios citados, ter os recursos não é suficiente. É preciso estar capacitado e mudar a mente. Não se trata de virtualizar a aula, mas sim de aproveitar cada recurso dentro de seu planejamento. Portanto, não exija do aluno mais do que ele pode entregar. Lembre que cada um tem seu ritmo. Ofereça apoio e tente compreender que para as/os discentes, a mudança também pode ser difícil. Fortaleça a comunicação. Crie espaços nas aulas para a interação presencial e remota. Use as ferramentas para avaliar seus alunos e crie dados significativos sobre eles. Foque na qualidade do que fazem, e não na sua produtividade. Assim, facilitamos o desenvolvimento de habilidades que proporcionam o sucesso deles e delas em um mundo cada vez mais digital. 

* Conteúdo produzido e editado pelo Porvir.  

DOUG ALVOROÇADO 

Aprendiz da vida e amante das novidades. Mestre em Ensino em Educação Básica pela PPGEB/ UERJ. Designer e Diagramador de materiais pedagógicos na Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Professor de disciplinas pedagógicas e estágio supervisionado. Técnico em Eletrônica, Pedagogo, Pós-graduado em Atendimento Educacional Especializado (AEE) com experiência em Surdez, TEA e outras deficiências. Intérprete de LIBRAS, Professor Orientador no PEJA, Professor de TIC’s e Mídias Digitais, Consultor Pedagógico. Apple teacher e Microsoft Innovative Educator. Trabalha a Inclusão com apoio de Tecnologias Educacionais e Assistivas. Como Google Innovator, fomenta o uso das Novas Tecnologias na Sala de Aula e a Cultura Maker e Mídia Maker. Na Nuvem Mestra, trabalha com formação e com criação de conteúdos para inovar na educação. Busca ideias para criar estratégias de transformação digital e levar fator “WOW” pras aulas. 

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