Os projetos e aprendizados não deveriam ficar restritos ao ambiente escolar. É importante reunir a família e a comunidade para celebrar e compartilhar trabalhos da escola que foram desenvolvidos ao longo do ano letivo. Com uma boa dose de criatividade, é possível fazer esse trabalho de forma divertida, e ainda promover novas aprendizagens.
Embora seja comum realizar eventos de culminância nos meses de novembro e dezembro, o Colégio Dom Pedro, em São Paulo (SP), não esperou pelo final do ano para compartilhar com a comunidade os projetos desenvolvidos pelos estudantes. Ao longo de 2023, enquanto desenvolvia atividades do Programa de Aprendizagem Criativa da Faber-Castell Edux, chamou os pais quatro vezes para participarem de oficinas mão na massa, conta Hanaí Brito, mãe de uma aluna do 2o ano do ensino fundamental.
“O tema era sempre uma surpresa, não ficava explícito no convite. No último, depois de assistir a um vídeo, a gente teve que imaginar um novo planeta e o que encontraria lá”, lembra Hanaí. “Levei meu marido, que é o padrasto da Laura, e o meu enteado. Foi muito inclusivo para a nossa configuração de família. Criamos um foguete”, diz a mãe, que percebe o quanto a participação conjunta em atividades escolares é importante para a menina.
No caso, por se tratarem de projetos de aprendizagem criativa, soltar a imaginação nos eventos com as famílias foi uma forma de ajudar os pais a compreender o poder desse tipo de trabalho, segundo a coordenadora de Projetos Integrados e Aprendizagem Criativa do Dom Pedro, Alissandra Rocha. “Os encontros não têm nada de teoria: os pais são recebidos como se fossem os alunos. Eles saem com o projeto na mão. Nesse momento, ouvem as opiniões e aprendem com seus filhos, que muitas vezes sabem coisas que os pais desconhecem, como ligar um led”, menciona.
Diferente das disciplinas tradicionais, que envolvem provas, notas e desempenho mínimo esperado, os projetos revelam mais sobre o desenvolvimento de habilidades, como resolução de problemas. “Com a aprendizagem criativa, as famílias entendem que não há cobrança por desempenho, mas sim um desenvolvimento pessoal e singular. Os pais não comparam seus filhos entre si ou com os colegas. Cada criança precisa alcançar seu próprio patamar”, explica Alissandra.
Como uma forma de valorizar o desenvolvimento dos estudantes nos projetos de aprendizagem criativa, no Externato Santo Antônio, em São Paulo (SP), foram os próprios adolescentes dos anos finais do ensino fundamental que conduziram as reuniões com os pais para compartilhar trabalhos da escola. “Lançamos o desafio, e eles aceitaram. Foram os estudantes que apresentaram tudo. Passaram os slides, as fotos e os portfólios e deram as explicações, com as professoras só observando. E foi muito legal”, conta a coordenadora do ensino fundamental da instituição, Telma Peixinho Bento.
As atividades de aprendizagem criativa têm sempre um produto final, mas só o produto não dá conta de mostrar a riqueza do processo. Como a proposta é diferente do ensino tradicional, com o qual os pais estão mais acostumados, a diretora defende que é preciso um esforço para explicar tudo o que os estudantes aprendem. “Não tem um livro, com a lição 2, página 14, ou algo assim. Mas o envolvimento dos estudantes é incrível, eles amam participar e puderam demonstrar isso [durante a reunião]”, afirma Telma.
Como a escola participa do Programa de Aprendizagem Criativa da Faber-Castell Edux, o trabalho também culminou numa mostra cultural, cujo tema foi a aprendizagem criativa. Cada idade, apresentando do seu jeito. “No infantil, as professoras fizeram oficinas com os familiares. No 2o. ano, os estudantes apresentaram uma peça teatral, em que até os cenários foram feitos por eles”, cita a coordenadora.
No Colégio Vila Aprendiz, em Recife (PE), a busca por participação de toda a comunidade é uma atitude constante, que faz parte do DNA da escola. Segundo Gabriela Camarotti, diretora pedagógica do fundamental, o diálogo constante entre escola e comunidade, que se dá em diversas oportunidades, é essencial para construir aprendizagens para a vida.
Com a integração das atividades do Programa de Aprendizagem Criativa da Faber-Castell Edux, não seria diferente. “Temos sempre as Feiras de Conhecimento – a deste ano foi especialmente linda. Cada turma apresentou um projeto de Aprendizagem Criativa, tudo de forma bem espontânea”, relata.
O colégio também desenvolve várias ações no sentido de integrar, além das famílias, os funcionários, ex-alunos e vizinhos da escola. Este ano, por exemplo, foi lançado o podcast “Papo de Vila”. “É um podcast com alunos, ex-alunos, familiares e profissionais de educação. É uma forma de mostrar a escola, contar nossa história, o que fazemos”, conta a diretora.
A instituição também costuma ter encontros frequentes para compartilhar trabalhos da escola com a comunidade, seja em cafés culturais ou em espaços públicos, como a praia. “No ‘Vila na Praia’, a gente leva frutas diferentes e propõe jogos. É uma forma de os pais da escola conviverem entre eles e com a equipe escolar. Às vezes até com os próprios filhos, porque muitos têm uma rotina tão corrida que faz bem separar esse tempo para ficar com a própria família”, diz Gabriela.
Outra experiência interessante para envolver as famílias na rotina escolar é a realização de eleições. No colégio Unifan, em Natal (RN), a abordagem tem sido uma estratégia de sucesso para que os pais tomem conhecimento da vida escolar dos filhos. “A gente faz um convite para que cada grupo de pais eleja um representante. Essas pessoas se tornam os propagadores das nossas informações, ajudam a lembrar das agendas dos eventos”, explica Melina Saldanha, diretora da instituição. Os representantes também servem de interlocutores para levar as reivindicações e as preocupações dos pais para a direção.
A eleição não fica restrita ao universo dos adultos: todos os anos, os estudantes escolhem seus representantes. O processo, com várias chapas e propostas, mobiliza diversos conhecimentos: os mais velhos realizam pesquisas e aprendem princípios de estatística, por exemplo.
Em 2023, a escola fez uma parceria com a Faber-Castell Edux para ter uma disciplina de Aprendizagem Criativa. Além de promover novas aprendizagens com as atividades do programa, essa iniciativa também fortaleceu projetos antigos da escola, trazendo outras ideias para a “campanha eleitoral”. As crianças conseguiram argumentar e expressar suas ideias de maneira criativa. “Eles criaram campanhas com propostas, fizeram cartazes e publicidades sobre o dia da eleição”, relata Melina.
Segundo a diretora, a integração de diferentes iniciativas e das diferentes pessoas cria um clima geral de confiança. “Somos uma comunidade que tem de unir os interesses. Todos têm voz, mas o pensamento tem que se focar para o coletivo, não só o individual. Assim, a gente consegue trabalhar o ano todo muito próximo às famílias”, afirma ela.
Autora: Luciana Alvarez
* Conteúdo produzido e editado pelo Porvir.