Quem nunca sentiu aquele frio na barriga antes de fazer uma prova ou de apresentar um trabalho importante? Nesse artigo traremos dicas para ajudar os estudantes a lidar com a ansiedade durante avaliações escolares. A ansiedade é um mecanismo importante do cérebro que nos prepara para situações desconhecidas ou adversas. É por causa dela que ficamos mais atentos, nos preparamos melhor para determinada atividade ou até mesmo tomamos cuidado diante de algum perigo. Porém, essa resposta natural do corpo pode se transformar em um transtorno quando vem acompanhada de problemas físicos e emocionais desproporcionais aos desafios enfrentados.
Para a psicóloga Ana Carolina D’Agostini, consultora e coordenadora de formações do Instituto Ame Sua Mente, é preciso prestar atenção quando a ansiedade começa a trazer prejuízos para a vida dos estudantes, afetando sua forma de ser, de se relacionar, de estudar e de fazer as coisas que gosta. “Temos que olhar para a saúde mental como um espectro. Se de um lado a ansiedade pode ajudar na hora de se preparar para uma apresentação de trabalho, por exemplo, no outro extremo ela pode tirar o sono de um estudante, trazer muitos pensamentos negativos e abalar a sua autoestima”, explica.
No ambiente escolar, diferentes fatores podem contribuir para que os alunos vivenciem níveis de estresse e ansiedade acima do normal. Um deles é o formato das avaliações, frequentemente concebido para mensurar o desempenho da turma somente ao término de um período letivo, negligenciando o trajeto de aprendizagem. Conforme observado por Ana Carolina, essa abordagem atribui um peso desproporcional à avaliação, levando o estudante a encará-la como o único momento para demonstrar tudo o que aprendeu ou desenvolveu.
“Se pensarmos em um ano letivo com quatro bimestres, quantas oportunidades não teríamos de olhar para esse estudante? A avaliação tem que potencializar o crescimento do aluno e apoiar o seu desenvolvimento”, destaca. Para isso, os educadores podem adotar uma mentalidade de crescimento em sala de aula, onde trabalham com uma linguagem mais propositiva, dão feedbacks constantes e acompanham a evolução da turma por meio de rubricas. “Começamos a dar outro peso para a construção do conhecimento, e isso faz uma diferença gigantesca”, reflete.
Além de alertar sobre a necessidade de repensar o processo de avaliação na escola, Ana Carolina também propõe algumas estratégias que os educadores podem adotar para auxiliar os estudantes a enfrentarem o estresse e a ansiedade durante esses períodos. Confira:
Reserve períodos dedicados à prática de mindfulness
No início das aulas ou mesmo durante um intervalo, é benéfico reservar alguns minutos para que os alunos possam praticar mindfulness, prática de meditação direcionada para a atenção no tempo presente. Essa técnica auxilia a turma a se concentrar, a desenvolver maior consciência em relação à respiração e aos elementos que causam tensão.
Leve conhecimentos sobre saúde mental e autocuidado para a escola
Ao incorporar no ambiente escolar um entendimento básico sobre saúde mental e autocuidado, os estudantes terão a chance de reconhecer e gerenciar melhor suas emoções. Além disso, eles poderão compreender os benefícios positivos que o exercício físico, o sono adequado e uma alimentação balanceada podem ter na promoção da saúde mental. Essa abordagem contribui não apenas para o desenvolvimento individual, mas também para a criação de um ambiente educacional mais consciente e equilibrado.
Engaje os estudantes por meio de projetos significativos
Ao conectar os conhecimentos a projetos concretos, os alunos conseguem perceber um propósito mais tangível em seu aprendizado. Essa abordagem não apenas aumenta a motivação, mas também fortalece a confiança na sala de aula, reduzindo as tensões frequentemente associadas a momentos como a apresentação de trabalhos. A relevância prática proporcionada pelos projetos cria um ambiente mais estimulante, onde o aprendizado se torna mais significativo e envolvente.
Ajude a turma a identificar distrações e pensamentos catastróficos
Seguindo a perspectiva da psicologia cognitivo-comportamental, nossas emoções são moldadas por pensamentos, os quais são precedidos por interpretações que fazemos do mundo ao nosso redor. Quando os estudantes começam a abordar isso de maneira mais consciente, adquirem a habilidade de reconhecer pensamentos excessivamente pessimistas, os quais nem sempre refletem uma análise precisa da situação. Isso promove uma mentalidade mais equilibrada e realista, capacitando-os a enfrentar desafios de forma mais construtiva.
Converse com os alunos e não force os limites
Ao perceber que um estudante está visivelmente desconfortável com avaliações ou apresentações em grupo, evite forçar a situação. Em vez disso, proponha uma abordagem gradual e flexível. Converse para compreender como ele se sente em relação às apresentações, por exemplo, oferecendo opções que respeitem seu nível de conforto e confiança. Sugerir a divisão da apresentação em partes menores ou propor a exposição do trabalho para um grupo menor pode ajudar a construir uma confiança progressiva. Essa abordagem, alinhada com uma atmosfera de respeito e compreensão, permite que expressem quem são de maneira mais autêntica, ao mesmo tempo em que vão enfrentando seus desafios aos poucos, sem causar situações traumáticas.
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Autora: Marina Lopes
*Conteúdo produzido e editado pelo Porvir