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Metodologias ativas: uma ferramenta para engajar os estudantes

As metodologias ativas chegaram para ficar no dia a dia da escola. A partir de estratégias e práticas pedagógicas, nessa abordagem os estudantes se tornam responsáveis pela construção do conhecimento, atuando de forma participativa e autônoma e partindo de experiências próximas à realidade deles. Entre os benefícios, estão o estímulo ao questionamento e à argumentação, a busca pela construção de soluções, a mão na massa, a aprendizagem mais significativa, com uma maior retenção do que foi aprendido, e o maior engajamento. 

Proposta de educação de autores clássicos, como Paulo Freire, John Dewey, Carl Rogers e Lev Vygotsky, que colocavam o estudante no centro do processo, o que muda hoje é a forma intencional como as metodologias ativas entram no currículo, segundo Renata Salomone, fundadora da MAPA Metodologias Ativas, professora de sociologia e de LIV (Laboratório Inteligência de Vida) na Escola Eleva e no Eliezer, no Rio de Janeiro, e diretora pedagógica do Digalá (projeto de integração família-escola, criado com a Casa do Saber Rio e com a Echos). 

Atividade de formação desenvolvida pela MAPA Metodologias Ativas (Crédito: Arquivo MAPA)

“Vários professores usam há muitos anos estratégias ativas em sala, mas não basta utilizá-las sem associar a uma mudança de mentalidade, ao planejamento do professor ou dissociar dos processos avaliativos. Precisa de sistematização e horizontalidade para que dê certo”, diz Renata. 

De acordo com a professora, os pilares deste tipo de prática são: protagonismo e autonomia; experiência colaborativa e individual; investigação e experimentação; cultura de aprendizagem e conteúdo intencional. “É importante explicar aos estudantes, à escola e aos familiares o que são, quais são seus objetivos e abrir a possibilidade de fazerem escolhas.” 

Para levar a abordagem à sala de aula, é preciso haver uma proposta conjunta entre direção, coordenação e professores, como destaca Leticia Lyle, cofundadora da Camino Education e diretora da Camino School. Eles devem estabelecer juntos as atividades e objetivos a serem atingidos. 

Metodologias Ativas permitem que estudantes criem, colaborem, critiquem, pesquisem, façam de fato parte do processo de construção do conhecimento (Crédito: Camino School)

“As estratégias e práticas pedagógicas são aquelas que permitem que o estudante crie, colabore, critique, pesquise, faça de fato parte do processo da construção do conhecimento. É importante que essa construção seja antes planejada pela equipe pedagógica para que os professores orientem seus estudantes e acompanhem o desenvolvimento de cada um”, explica Leticia. 

Trabalho em equipe, aprendizagem baseada na solução de problemas, estações por rotação, sala de aula invertida, rodas de discussão, autoavaliação e avaliação entre pares são alguns exemplos que podem ser usados em aulas presenciais ou remotas. Há ainda: aprendizagem baseada em escolhas, aprendizagem baseada em projetos, rotações individuais, laboratório rotacional, instrução por pares, design thinking, entre outras.

“Vários professores usam há muitos anos estratégias ativas em sala, mas não basta utilizá-las sem associar a uma mudança de mentalidade, ao planejamento do professor ou dissociar dos processos avaliativos” 

As metodologias ativas podem ajudar o professor a ampliar o envolvimento e a participação dos alunos. “A partir do momento em que os estudantes são convidados a participar de uma aula não necessariamente tradicional, onde o professor propicia um tipo diferente de conexão com o conteúdo da aula, trazendo discussões ou assuntos do cotidiano deles, os estudantes se sentem mais atraídos, engajados e participantes do contexto escolar”, diz Leticia. 

Para aulas remotas, Renata sugere que os educadores usem estratégias ativas para perceberem se os estudantes estão engajados ou não. “Pode fazer quebra de falas e colocá-los para discutir em pequenos grupos. Outra opção é pedir para mostrarem suas respostas usando quadros brancos ou mostrando objetos, no caso de crianças. São formas simples de engajamento que fazem com que liguem a câmera intencionalmente.” 

Ao trabalhar com projetos, o estudante passa a ser protagonista do processo de aprendizagem e coautor do conhecimento, com apoio dos professores e dos colegas. “Sendo autor de seu desenvolvimento, pode interagir com os desafios da vida real, desenvolvendo assim habilidades e competências tão importantes para o mundo em que vivemos e para o futuro”, afirma Leticia. 

Interatividade 

Os impactos dessa abordagem podem ser vistos de forma perceptível na sala de aula, quando estudantes começam a interagir mais com as atividades propostas. O professor de geografia e da disciplina eletiva Colabore Inove Jessé Geminiano Júnior conta que procura utilizar as metodologias ativas nas aulas desde o início de sua atuação na rede estadual da Paraíba, mas intensificou o trabalho no ano passado com o ensino remoto. 

O educador criou um podcast para falar sobre temas da área de geografia e assuntos de interesse dos estudantes a partir de sugestões e comentários deles. Para incentivar a interatividade, ele também promove discussões sobre os conteúdos trabalhados em ferramentas online de perguntas e respostas e desenvolve jogos educativos com os jovens. Ele trabalha agora em um aplicativo, que terá dicas de filmes sobre geografia e curiosidades da área. 

Na disciplina Colabore e Inove, os estudantes praticam a aprendizagem baseada em projetos e a aprendizagem entre pares, enquanto desenvolvem uma linha de biocosméticos. “Busco sempre melhorar o processo de ensino e aprendizagem, engajando o aluno e tornando o processo proveitoso. Acredito muito na educação, mesmo no remoto”, diz Jessé. 

Autora: Fernanda Nogueira

* Conteúdo produzido e editado pelo Porvir.  

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