Imagine a cena: ao chegarem na escola, os estudantes são recepcionados por uma aeromoça, despacham suas bagagens e entram no avião. Pode até parecer que eles estão em um aeroporto, mas a cena faz parte de uma atividade para trabalhar cidadania na sala de aula.
Na simulação, a aeromoça é a professora Vânia Grigório, que dá aula no quinto ano da Escola Municipal Rubem Costa Lima, localizada em Nova Lima (MG). As bagagens dos estudantes são, claro, suas mochilas. Eles inclusive têm passagens para adentrar na aeronave, caprichosamente construída e ambientada dentro da classe.
Por lá, as cadeiras são numeradas e enfileiradas de três em três, como os assentos de um avião, com um corredor livre no meio e cintos de segurança de uso obrigatório. Para a imersão ser ainda mais completa, um longo tecido azul de TNT, acrescido de janelinhas, simula o limite espacial. No lugar da cabine dos pilotos, uma tela interativa mostra o vídeo de um avião decolando, voando e pousando. Tudo isso combinado com instruções de segurança para a decolagem.
A atividade lúdica é uma das ações do micromundo “Criadores de países”, que integra o projeto Trilhas do Saber Aprendizagem Criativa, realizado pela Faber-Castell e executado na escola por iniciativa da Vale em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. Com estratégias pedagógicas conectadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a proposta é estimular a inovação, a criatividade, a resolução de problemas e a diversão.
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Com o “avião” em pleno funcionamento, a professora conta que foram feitas visitas em um universo cheio de possibilidades. A aeronave passou primeiro por São Paulo e Rio de Janeiro. Depois, explorou países como Holanda, Estados Unidos, França, Japão e China. Utilizando ferramentas como Google Earth e Street View, a educadora garante que a experiência foi bastante imersiva.
De maneira criativa, os estudantes tiveram a oportunidade de trabalhar conteúdos relevantes e multidisciplinares. “Em história, falamos sobre as diferenças entre a China moderna e a tradicional. Na aula de geografia, sobre o deserto, onde não há vegetação. Em matemática, estudamos o tamanho dos países e suas populações. Em linguagens, aprendemos sobre as línguas nativas de cada país”, observa Vânia.
Ao lembrar que uma estudante pediu para visitarem a Coreia do Norte e, ao chegar lá, se depararam com apenas uma foto, a professora também encontrou oportunidade para promover uma rica discussão sobre regimes fechados. “Ainda falamos sobre comidas típicas, vestimentas, características específicas de cada local”, conta.
Formação em cidadania na sala de aula
A proposta dos micromundos de aprendizagem é a de que os estudantes explorem sua criatividade e expressem suas ideias de formas diversas, utilizando recursos imersivos para participar de forma ativa do processo de aprendizagem. Ao estimular que as crianças também criem novos países, com a definição de territórios, mapas, bandeiras e hinos, além de aspectos físicos e culturais, o micromundo “Criadores de países” aposta em uma formação para a cidadania na sala de aula.
“Ao trabalhar com a imaginação, essa iniciativa traz o questionamento de que tipo de país eles querem viver, qual língua vão falar, quais os valores terão”, aponta Vânia. “A partir da nossa viagem, discutimos muito a questão das desigualdades, pois os estudantes notaram que há países mais e menos desenvolvidos. Eles entenderam que todos podem contribuir para um país melhor.”
Experimentar o novo
A estudante Thalya Ferreira de Oliveira, de 11 anos, define o projeto como “incrível”. “Foi uma experiência muito legal! Saímos do nosso cotidiano normal e trabalhamos com materiais novos”, afirma.
Ela destaca a oportunidade de conhecer países mais de perto e de aprender brincando e se divertindo. “Foi uma sensação muito boa, de experimentar o novo, ficou muito legal toda a ambientação. Aprendi sobre as línguas dos países, as moedas, as roupas que usam e a extensão territorial”, lista a estudante.
Mãe de Thalya, Taliane Alves, também ficou animada ao ver o aprendizado da filha. “Ela é uma criança apaixonada pela escola, e esse projeto da Faber-Castell utiliza bastante a imaginação dos alunos.”
Por fim, a professora Vânia exalta os resultados do Programa de Aprendizagem Criativa. “Ele mostra como as crianças têm capacidades que às vezes a gente não enxerga”, afirma. “É importante quebrar esse paradigma do educador. Durante as aulas, interferimos o menos possível, pois os estudantes interagem e se organizam entre si, e assim vão se desenvolvendo. É muito produtivo”, finaliza.
Autor: Danilo Mekari
* Conteúdo produzido e editado pelo Porvir.